Homem encaminha carta ao MP por justiça após morte de esposa
Márcia Teie, indígena do Povo Xokleng, de José Boiteux veio a óbito após médico esquecer gaze durante cirurgia, em Ibirama.
Após morte da esposa, de 34 anos, indígena do Povo Xokleng, de José Boiteux, homem encaminha carta ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e clama por justiça.
Márcia Vaicomen vei-tcha Teie e o esposo Acir cailê Priprá viviam com os três filhos, de 12, 9 e 6 anos, na Aldeia Bugio, em José Boiteux. Tudo ia bem, até que no dia 12 de dezembro de 2023, a moradora do Povo Xokleng teve que passar por uma cirurgia para retirada de uma pedra na vesícula. O procedimento foi realizado no Hospital Doutor Waldomiro Colautti, em Ibirama, e devido à gravidade Márcia acabou perdendo parte do fígado.
Recuperação após a cirurgia
O esposo, Acir, conta que após 15 dias da recuperação, ela começou a se queixar de dores e apresentava febre. A partir desse dia, a situação piorou. “Consultei um médico, e ele disse que as ínguas e dores eram apenas consequências da cirurgia, pois o procedimento interno ainda não estava completamente curado. Fizeram aplicação de analgésico, para acalmar a dor, soro e até então passou a dor e voltamos para casa”, conta.
No entanto, as dores persistiram e as idas aos hospitais eram frequentes e nada resolvia o problema da Márcia. Até que o Acir, pagou alguns exames e inclusive uma endoscopia para entender o que estava acontecendo com a esposa. O laudo apontou um corpo estranho (gaze) no estômago, que estava obstruindo o antro gástrico e que resultou em uma infecção generalizada. “Uma semana antes, ali da internação, paguei para ela fazer um ultrassom e logo depois, no dia 19, uma endoscopia no mesmo dia da internação. Assim, a médica que fez a endoscopia me chamou no consultório dela e mostrou”, ressalta.
Homem encaminha carta
Márcia teve que passar por uma nova cirurgia e acabou contraindo uma bactéria e precisou ser internada. O quadro de saúde se agravou, evoluiu para uma pneumonia e um edema cerebral, que resultou em sua morte no dia 14 de abril. Acir encaminhou uma carta ao Ministério Público de Santa Catarina e clama por justiça. “Destruíram um sonho meu, da minha esposa e da família. Eu peço justiça por isso, lógico que eu me sinto revoltado, mas isso não vai trazer ela de volta, dentro do hospital e nenhum momento assumiram os seus erros, só o que eles me falavam era a infecção devido a cirurgia que ela tinha feito antes. Portanto, a gente pede justiça, que o poder público tome providência, que leve aos culpados. Uma morte natural assim pode acontecer, mas até essa amplitude não é admissível”, enfatiza.
Nota da Secretaria de Estado da Saúde
A equipe do Grupo de Comunicação Difusora procurou a direção do Hospital Drº Waldomiro Colautti de Ibirama para esclarecer o ocorrido, porém, foi orientada a entrar em contato com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), que através de nota informou que, “lamenta profundamente e se solidariza com a perda da Sra. Márcia Vaicomen vei-tcha Teie e que inclusive já solicitou à direção do Hospital que realizasse todos os procedimentos administrativos. No documento, foi informado ainda que, as providências internas estão sendo tomadas para apuração dos fatos e que a instituição segue à disposição da família para maiores esclarecimentos.
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