PF e MPSC investigam a morte de indígena em José Boiteux
Segundo populares, Ariel Paliano, de 26 anos, foi vítima de uma emboscada, enquanto ia até uma mercearia.

Polícia Federal (PF) e Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) investigam a morte de indígena em José Boiteux. O representante da retomada da aldeia Bugio, em José Boiteux, Ariel Paliano, de 26 anos, foi encontrado morto, com marcas de espancamento e com o corpo queimado, às margens da rodovia entre Itaiópolis, no Norte do estado, e José Boiteux, no Vale do Itajaí. O fato aconteceu no sábado, 27.
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O juiz da Terra Laklãnõ Xokleng, André José, explica que ainda não se sabe o motivo do assassinato, e que, em menos de 30 dias, em março e abril, a área já tinha sido alvo de ataques. “A aldeia Bugio tem uma parte dela que é uma retomada e essa retomada, recentemente, houve dois ataques, pessoas passaram e atiraram nas casas. Mandamos as informações para o Ministério Público. E agora no último sábado houve esse crime lá na aldeia. A gente enquanto liderança, ou tanto comunidade, a gente não consegue afirmar com certeza que realmente foi um ataque externo ou algum conflito, isso eu não posso afirmar. Até porque esse crime que aconteceu dentro da comunidade, ele não teve testemunha”, relata.
De acordo com populares, Ariel foi vítima de uma emboscada. “Por tudo que foi visto, aparentemente foi. Pelo o que a gente conhece aqui dentro da comunidade, ele não tinha inimizade, era uma pessoa tranquila. Não foi uma confusão em um bar, dizem que ele foi no mercado, é essa informação que eles me passaram também. Nesse mercado tinha câmera e essas imagens estão com a polícia”, ressalta.
Morte está sendo investigada
As Polícias Militar, Científica e Federal, além do Ministério Público de Santa Catarina, que investigam o assassinato. André lembra ainda, que recebeu uma ligação da cacique da aldeia Bugio, solicitando auxílio. “Como isso fugia do meu alcance, eu entrei em contato com a Funai, para questionar o MP, Polícia Federal e para que os procedimentos cabíveis fossem feitos. A Polícia Federal está investigando, em contato com familiares da vítima, com o vizinho. Além disso, percorrendo o percurso que ele fez no último dia de vida e procurando imagens, que em algumas casa tem câmeras’, conta.
André destaca que a aldeia é alvo de ataques há mais de duas décadas por demarcação de terras, no entanto, segundo ele, não é possível afirmar o motivo da morte, que segue em investigação. “Tem conflitos há mais de 20 anos lá nesse local. A gente não afirma que teria sido um conflito lá de fora, até porque não temos testemunha. Sempre que houve um conflito assim, a gente acabou descobrindo quem era, as pessoas comentavam, as pessoas que atacavam assumiam o ataque. Mas, dessa vez ninguém assumiu, a gente está cauteloso quanto a isso, a gente não sai acusando ninguém”, comenta.
Por fim, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) manifestou, nas redes sociais, profunda indignação e tristeza pelo assassinato de Ariel Paliano e exige imediata apuração, identificação e punição dos responsáveis pelo crime.
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