Setor de confecções de SC prevê crescimento de 2,12% em 2024
Fiesc aponta retomada na produção industrial e impacto da taxação de importados

O setor de confecções de Santa Catarina deve registrar um crescimento de 2,12% na produção industrial em 2024, revertendo a trajetória de queda iniciada em 2021. A expectativa de recuperação é do Boletim de Conjuntura Econômica do setor, elaborado pela Federação das Indústrias de SC (Fiesc). Para o segundo semestre, a previsão é de incremento de 4,89% em comparação ao mesmo período de 2023, segundo dados dessazonalizados.
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Recuperação gradual
O economista-chefe da FIESC, Pablo Bittencourt, explica que o crescimento estimado para o primeiro semestre de 0,77%, embora tímido, inicia a retomada dos níveis de produção no segmento de confecções em SC. “O impacto da queda da Selic leva um tempo para ser incorporado, e, combinado com o aumento da massa salarial e a queda nos níveis de desemprego, o consumo das famílias favorece a produção de bens de consumo, como vestuário”, detalha Bittencourt.
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Superior à média nacional
O estudo da Fiesc destaca que o crescimento do setor de confecções em Santa Catarina supera a média brasileira. Giuliano Donini, presidente da Câmara Têxtil, de Confecções, Couro e Calçados da Federação, explica que o estado possui uma grande integração na cadeia têxtil confeccionista, permitindo que empresas encontrem fornecedores de insumos e serviços no próprio arranjo produtivo do estado. “Os grandes varejistas brasileiros enxergam em SC um equilíbrio entre custo, velocidade e qualidade, que atende satisfatoriamente a expectativa do mercado”, afirma Donini.
Desafios e oportunidades
Apesar do crescimento, Bittencourt alerta que o nível de endividamento dos brasileiros tem recuado lentamente, o que pode limitar a recuperação do setor. “Para 2025, é preciso retomar a redução da taxa básica de juros, prevista para iniciar entre março e abril“, observa.
Donini complementa assim que a capacidade de consumo médio do brasileiro pode estar no limite, não sustentando o crescimento do setor a longo prazo. “Portanto, é necessário um ciclo virtuoso de desoneração da produção, estimulando o crescimento da indústria nacional, gerando empregos e renda, e consequentemente mais recursos para um novo ciclo de consumo“, explica.

Taxação de importados
A partir do segundo semestre, a taxação de 20% sobre compras até US$50 poderá impactar positivamente o setor. Embora positiva, a medida não é suficiente para promover condições competitivas equitativas entre produtos importados e nacionais. A importação de artigos de confecção e acessórios por Santa Catarina aumentou de US$665,4 milhões em 2022 para US$834,1 milhões em 2023, um crescimento de 25,35%.
“A disparidade tributária favorece os importados, já que a carga tributária média é muito inferior à dos produtos nacionais“, destaca Bittencourt. Donini acrescenta que, embora insuficiente, a taxação das importações e a alta do dólar ajudam o varejo doméstico a recuperar parte das vendas perdidas para plataformas de e-commerce. “É fundamental criar condições igualitárias entre produtos importados e nacionais para fortalecer a competitividade da indústria brasileira”, conclui.
Importância do setor em SC
Por fim, a indústria de confecções de Santa Catarina é a maior do país. Com o setor têxtil e de vestuário sendo o maior empregador do estado, gerando 178,7 mil vagas de trabalho.