Como a pecuária pode se tornar carbono zero com pastagens sustentáveis
Chave para essa mudança está na alimentação dos animais, com pastagens perenes, como uma solução economicamente vantajosa
Considerada uma das principais emissoras de Gases de Efeito Estufa (GEE), a pecuária está passando por uma transformação. Com práticas adequadas, ela pode se tornar carbono zero ou até mesmo capturar dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. Dessa forma, chave para essa mudança está na alimentação dos animais, com pastagens perenes se destacando como uma solução sustentável e economicamente vantajosa.
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Como resultado, pastagens perenes, que não precisam ser replantadas anualmente, são fundamentais para remover o carbono da atmosfera. Suas raízes profundas desempenham um papel crucial nesse processo, permitindo então que o CO2 seja armazenado no solo.
As raízes das plantas capturam o CO2 durante a fotossíntese, e quando essas raízes se renovam, o carbono é armazenado no solo, reduzindo a quantidade de gases na atmosfera.
explica Tiago Celso Baldissera, pesquisador da Epagri.
Em resumo, essas pastagens também trazem outros benefícios ambientais, como a melhoria da infiltração da água, a redução da erosão e o aumento da resistência a secas.
Além disso, o uso reduzido de maquinário para o plantio contribui para a diminuição da pegada de carbono.
O desafio das emissões na pecuária
A pecuária é responsável por uma parcela significativa das emissões de gases de efeito estufa, especialmente no Brasil, onde as atividades agrícolas representam 28% das emissões totais.
O metano, emitido pelos bovinos durante a digestão, é o principal vilão. Contudo, Baldissera destaca que a forma como a pecuária é conduzida pode fazer toda a diferença.
Com boas práticas de produção, especialmente com pastagens, é possível mitigar essas emissões e até alcançar um balanço neutro de carbono.
Iniciativas em Santa Catarina
Em Santa Catarina, a Epagri tem priorizado a produção de carne e leite à base de pastagens perenes. Em 2023, mais de 26 mil famílias foram atendidas com orientações sobre essa prática, e posteriormente as pastagens perenes se expandiram por 3.827 hectares no estado.
A pesquisa também avançou com o projeto Pecuária Consciente Carbono Zero, que busca desenvolver tecnologias para mitigar as emissões de gases do efeito estufa e calcular a pegada de carbono da produção bovina.
Compromisso com a redução de emissões
Santa Catarina também está comprometida com a redução das emissões de GEE através do Plano Agricultura de Baixa Emissão de Carbono ABC+SC.
Assim, uma das metas do plano é recuperar 75,7 mil hectares de pastagens, com tecnologias que aumentem a matéria orgânica do solo e a produtividade.
Em 2023, a recuperação de 8,7 mil hectares já resultou no sequestro de 50 mil toneladas de carbono equivalente.
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Caso de sucesso: Bocaina do Sul
O pecuarista Fábio Zen Salces, de Bocaina do Sul, é um exemplo de como as pastagens perenes podem transformar uma propriedade. Em 2021, ele começou com 5 hectares de pastagens perenes e, hoje, já ocupa 48 hectares.
Além de aumentar a produção, Fábio destaca os benefícios econômicos e ambientais. “O investimento inicial é maior, mas o retorno em termos de qualidade e economia compensa.”
Parabéns pelo excelente trabalho em prol da Sociedade.