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14 de julho de 2025 Rio do Sul

Médico é condenado por omissão em parto que resultou na morte de feto em Indaial

Sentença do Tribunal do Júri define pena de mais de nove anos de reclusão em regime fechado


Por GCD Publicado 02/06/2025 às 17h12
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Médico obstetra foi condenado pelos crimes de homicídio simples de feto por omissão penalmente relevante e falsidade ideológica de documento público. Foto: reprodução/Freepik

O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) obteve a condenação de um médico obstetra pelos crimes de homicídio simples de feto por omissão penalmente relevante e falsidade ideológica de documento público. A sentença, proferida pelo Tribunal do Júri da Comarca de Indaial, definiu pena de oito anos e dois meses de reclusão, mais um ano, seis meses e 20 dias, a ser cumprida em regime inicial fechado, pela morte de feto em Indaial.

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Entenda o caso

O caso começou em julho de 2015, quando o Hospital Beatriz Ramos internou uma gestante de 34 semanas com fortes dores e sangramento. O médico, responsável pelo pré-natal, foi informado do quadro clínico, mas se recusou a ir até o hospital, mesmo diante de sucessivos alertas sobre o agravamento do estado de saúde da paciente.

Durante a madrugada de 15 de julho, ele limitou-se a prescrever medicamentos sedativos e decidiu adiar o parto para a manhã seguinte. Em uma das ligações, chegou a afirmar que “a paciente e a família estavam enchendo o seu saco a semana toda”.

A paciente continuou a apresentar sinais de sofrimento fetal. O médico só compareceu ao hospital por volta das 8h do dia seguinte e, ainda assim, atendeu outros pacientes antes de avaliar a gestante. Quando autorizou a cesariana de emergência, o feto já estava sem vida, vítima de hipóxia aguda causada por descolamento prematuro da placenta.

Falsidade ideológica e omissão

O médico também inseriu uma informação falsa no prontuário hospitalar, ao registrar que a cesariana ocorreu duas horas após a solicitação da sala cirúrgica. A ação teve o objetivo de encobrir sua conduta negligente.

Conforme o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a soberania dos veredictos do júri, a execução da pena deve ocorrer imediatamente. O médico acompanhou toda a sessão de julgamento, mas evadiu-se no momento da votação dos jurados. Por isso, a juíza não cumpriu a ordem de prisão de imediato, mas expediu o mandado ao final da sessão.

Declarações dos promotores sobre a morte de feto em Indaial

Os promotores de Justiça Thiago Ferla e Louise Schneider Lersch atuaram na acusação.

A dor que aquela mãe sentiu por mais de 24 horas não se compara à que ela sente até hoje pela perda da filha, causada pela omissão criminosa do seu médico de confiança. Este julgamento garantiu justiça à vítima

afirmou Ferla.

Lersch destacou o impacto emocional do caso.

As vozes de duas mulheres pedindo socorro foram ignoradas: a da mãe e a da filha. Os pais aguardaram por 10 anos por justiça. Essa condenação é um alerta sobre a necessidade de combater a violência obstétrica, que pode gerar consequências irreversíveis, como neste caso

afirmou Lersch.

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