Pais protestam por falta de professores qualificados para alunos com deficiência em Rio do Sul
Manifestação ocorre nesta quinta-feira (6) em frente ao Ministério Público da cidade

Pais de alunos com deficiência das escolas municipais de Rio do Sul organizam um protesto nesta quinta-feira (6), às 18h, em frente ao Ministério Público. Eles reivindicam a contratação de profissionais para atender crianças com necessidades especiais, já que a falta de professores qualificados está atrapalhando o desenvolvimento dos alunos.
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Entre as principais queixas está a falta de um segundo professor, profissional essencial para auxiliar no aprendizado, bem como, na adaptação desses alunos na sala de aula.
Pais relatam dificuldades na busca por apoio escolar
Rafael Jacinto de Pinho, pai de Arthur, de sete anos, aluno do Centro de Educação Infantil Guilherme Butzke, afirma que há anos tenta garantir um professor especializado para o filho, que é autista.
Desde a época da creche, do pré, a gente já correu atrás disso. Sempre foi a mesma bagunça. A gente foi na Secretaria de Educação, a Secretaria de Educação disse que o problema não era deles, que isso daí era conforme a escola iria contratar. No caso, a escola tem que fazer um aviso de contratação para esses professores, e daí poderia ter. Aí beleza, a gente voltou, aí a escola falou a mesma coisa, estava toda a vida esperando professores para serem contratados, só que isso nunca acontecia
disse Rafael.
Ele também questiona o modelo de contratação temporária dos profissionais.
O Arthur já tá no segundo ano, o primeiro ano inteirinho, praticamente inteiro, ele passou sem professor dois. Por que eles não, desde o ano passado, já não correram atrás disso? Por que eles não fazem esses contratos anuais também? É outra coisa que eu gostaria de saber porque vocês sabem que o meu filho, o Arthur, ele vai do primeiro ano ao quinto ano que tem ali no Guilherme Butzke. Por que eles não fazem um concurso público novamente para contratar professor especial? Para ficar ali especificamente para o Guilherme Butzke?
questionou Rafael.
Regressão no aprendizado e falta de suporte adequado, devido à falta de professores qualificados
Marcele Oliveira Stahl, mãe das gêmeas Helena e Sofia, de oito anos, que estudam na Escola Modelo Ella Kurth, também enfrenta dificuldades.
Quando saímos de Lajes, viemos para cá, elas já sabiam ler. Chegando aqui, a escola vendeu o polo como se fosse algo muito bom. Só que após mais ou menos um mês e meio, dois meses, deu uma medida e a gente viu a realidade que estava sendo o polo. Isso há dois anos. E as nossas filhas começaram, em vez de avançar no ensino, elas começaram a regredir. Aí a gente começou a correr atrás porque, perante a lei, é do direito delas estarem na sala de aula comum. E lá no polo, a gente acabou vendo que são várias crianças misturadas na mesma sala de aula, que atrapalha muito esse negócio de tudo misturado com a mesma idade
explicou Marcele.
Ela conta que, em 2024, procurou a Secretaria de Educação exigindo que as filhas voltassem para a sala de aula regular.
E daí sempre falavam que era porque faltava profissional, aí um falava uma coisa, outro falava outra e a gente foi indo, falavam que ia verificar para poder mandar elas para sala de aula normal e assim foi indo. Até que no ano passado, eu e meu marido, a gente foi até Secretaria de Educação, para exigir que as meninas voltassem para a sala de aula. A gente foi em abril, mais ou menos. E nos passaram que eles iriam fazer uma avaliação nas meninas, para ver como é que elas estavam, e até hoje essa avaliação não aconteceu
afirmou Marcele.
Ela também falou sobre a dificuldade de encontrar um profissional capacitado.
O professor dois praticamente nunca teve, elas tiveram um ano passado, uma professora dois mesmo que ela começou a lutar pela causa e ela acabou saindo, e ela viu que não teve jeito. O restante é tudo estagiário… pessoas mais novas, sabe? Não são pessoas capacitadas para estarem cuidando de uma criança autista
concluiu Marcele.
Em nota, a Secretaria de Educação informa que tem trabalhado constantemente para garantir que os alunos recebam o apoio necessário. O processo seletivo aberto atualmente busca suprir justamente a necessidade de professores auxiliares. E entendemos que o ideal seria que essas contratações ocorressem antes do início do ano letivo.
No entanto, isso não foi possível para o início deste ano letivo, pois houve troca de gestão na Secretaria de Educação no início do ano e não se realiza um processo seletivo de forma tão rápida por questões legais e administrativas.
Sobre a questão das contratações anuais, esse formato ocorre devido à legislação, que exige que os vínculos temporários passem por processos seletivos regulares. No entanto, estamos sempre buscando alternativas para minimizar a rotatividade, como a elaboração de um concurso geral, promovendo maior estabilidade dos profissionais, e garantir maior estabilidade para os alunos.
Em relação à qualificação dos profissionais, reconhecemos a importância da formação adequada e estamos empenhados em aprimorar os critérios de contratação, buscando sempre melhorar o suporte pedagógico para os alunos com deficiência.
Ouvimos as preocupações dos pais e vamos reforçar o acompanhamento da situação nas unidades mencionadas para avaliar melhorias que possam ser implementadas.
Ouça abaixo a reportagem completa sobre a falta de profissionais qualificados:
Mas você não tem uma mae que quando tem o filho ou filha está com dificuldade na escola precisa de alguém para ajudar.
E muito importante que todas as crianças tenham o apoio necessário para se desenvolver bem na escola.