Após oito anos, acusados da morte de Ana Beatriz Schelter ainda não foram julgados
Menina, de 12 anos, foi violentada e morta em um container às margens da BR-470, em Rio do Sul
Ana Beatriz Schelter foi vista pela última vez no dia 2 de março de 2016. Na época, câmeras de segurança de uma empresa localizada no bairro Canta Galo, próximo à BR-470, registraram a menina de 12 anos indo a pé para a escola Henrique Fontes. No entanto, ela nunca chegou ao destino.
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Um homem localizou o corpo de Ana Beatriz no dia seguinte, em um contêiner às margens da rodovia, no bairro Barra da Itoupava. Embora os criminosos tivessem colocado uma corda no pescoço da vítima para simular um suicídio, a investigação concluiu que Ana Beatriz foi assassinada e violentada sexualmente.
Prisões e processo judicial
Prenderam os suspeitos do crime quatro anos após a tragédia, no início de 2020. Dos três envolvidos, apenas um permanece no Presídio Regional de Rio do Sul. Os outros dois estão soltos, respondendo ao processo em liberdade. Um deles, inclusive, frequentava a casa da família. A mãe de Ana Beatriz, Cláudia Schelter, expressa indignação com a demora no julgamento e a falta de respostas após oito anos.
“Muitos dizem tem que acreditar na justiça, sim, tem. Mas, a justiça parece que no nosso caso está sendo falha. Porque, oito anos sem resposta nenhuma e ela é a vítima que sofreu na mão dos bandidos. A gente só pensa nas coisas boas que a gente viveu com ela. A gente não pensa em um sofrimento, porque, se a gente pensar no sofrimento dela, eu e ele ficamos doidos. Porque, com certeza, na hora do sofrimento ela chamou o pai e mãe e nós não estava lá para ajudar. Ela foi estuprada e assassinada por uma pessoa, duas, três. Só que a justiça devia pensado também que se fosse um familiar deles. Por isso, a frustração minha e do meu marido como pai e mãe, é que a gente confia numa pessoa, colocou a pessoa dentro de casa, pensou que era amigo. Enfim, não era amigo”, enfatiza.
Indignação dos pais de Ana Beatriz Schelter
O pai, Ismael Schelter, também está indignado com o descaso da justiça. Ele ressalta que crimes ocorridos após a morte de Ana Beatriz, em 2016, já foram a julgamento, enquanto o caso da filha ainda não teve um desfecho.
“É uma vergonha que já saiu um caso aqui de Rio do Sul, já foi julgado em menos tempo. Em Blumenau, julgaram casos rapidamente, mas aqui demora demais. Eu como o pai, como cidadão, como todos os pais têm filhos queremos segurança para os nossos filhos. A gente cria um filho com tanto zelo, com tanta determinação, amor e carinho. O meu apelo é que seja feita a justiça. Não só do homem, mas a de Deus também, que seja implacável. Eu e minha esposa estamos cansados de esperar a justiça e justiça não tá sendo feita, só passando o tempo”, conta.
Avanços no processo
Giliani Coelho, advogada criminalista que atua como assistente de acusação representando a família, explica que o Tribunal de Justiça deu parecer favorável para que o caso vá a júri popular.
“Nesse procedimento do Ministério Público ofereceu denúncia contra duas pessoas imputando o crime de estupro e homicídio quadruplamente qualificado e é uma terceira pessoa imputando o crime de fraude processual. Para nossa surpresa o juiz da Comarca de Rio do Sul encaminhou ao júri apenas uma das pessoas acusadas pelo crime de estupro e homicídio e ainda determinou a soltura dessa outra pessoa. Diante dessa situação o MP e eu apresentamos as razões de inconformismo com a decisão do juiz. E o Tribunal de Justiça de Santa Catarina, acolheu as razões indicando que há indício, sim, de que o crime tenha sido praticado por pelo menos duas pessoas. E, portanto, devem encaminhar essas pessoas indicadas na denúncia à sessão do Tribunal do Júri. Aguardamos ansiosamente a data da sessão de júri, a fim de condenar os envolvidos”, ressalta.
Clamor por justiça
A dor da perda jamais será superada e não trará Ana Beatriz de volta. No entanto, o pedido da mãe é claro: que a justiça seja feita e que todos os envolvidos sejam punidos.
“Parece que ela tá viajando, uma hora ela vai chegar como qualquer pessoa. Quem perde ente querido é triste, mas com o pai e uma mãe que perde um filho é muito pior. Então, só peço para justiça resolva esse caso de uma vez, que a falta dela pra gente é muito grande. Mas, só que eu e meu marido, acho que nós devemos isso para ela. Eu sei que não vai trazer mais ela de volta, mas, só pela justiça da morte dela a gente tem que fazer alguma coisa, não pode deixar os assassinos dela, impunes. Enfim, a gente só quer que os julguem e os prendam também, que não fiquem soltos. Porque, eles cometeram um crime eles têm que pagar“, relata.
A família de Ana Beatriz continua a lutar por respostas e pela condenação dos responsáveis, mantendo viva a esperança de que a justiça prevaleça.