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24 de junho de 2025 Rio do Sul

Cientistas trazem de volta à vida o lobo-terrível, extinto há 10 mil anos

Espécie ficou famosa em Game of Thrones; filhotes nasceram por edição genética com base em fósseis antigos


Por Giulia Bibow Publicado 08/04/2025 às 15h21
Cientistas trazem de volta à vida o lobo-terrível, extinto há 10 mil anos
Cientistas trazem de volta à vida o lobo-terrível, extinto há 10 mil anos – Foto: Colossal Biosciences

Cientistas da empresa de biotecnologia Colossal Biosciences, nos Estados Unidos, anunciaram um feito inédito: a recriação genética do lobo-terrível (dire wolf, em inglês), uma espécie extinta há mais de 10 mil anos. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (7) e já repercute mundialmente.

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Famosos por aparecerem na série Game of Thrones, os lobos-terríveis ganharam notoriedade como símbolo da Casa Stark, sendo retratados como animais majestosos, leais e poderosos. Agora, deixam a ficção para marcar presença na ciência.

Primeiros filhotes nasceram em 2024 e 2025

Os primeiros três filhotes nasceram entre outubro de 2024 e janeiro de 2025. Dois machos receberam os nomes Rômulo e Remo, inspirados na mitologia romana, enquanto a fêmea foi batizada de Khaleesi, em homenagem à personagem interpretada por Emilia Clarke na série da HBO.

De acordo com a Colossal, os animais foram gerados a partir de edições genéticas no DNA de lobos modernos, que sofreram alterações em cerca de 20 regiões do genoma para se aproximar das características físicas e comportamentais dos lobos-terríveis, como cabeça e mandíbula maiores, corpo mais musculoso e vocalização distinta.

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Lobo-terrível atualmente, já com cinco meses – Foto: Colossal Biosciences

Recriação usa técnica avançada e DNA de fósseis

Embora a iniciativa seja celebrada como um marco científico, especialistas alertam que os animais criados não são clones perfeitos da espécie extinta, mas sim híbridos geneticamente modificados, inspirados no DNA ancestral dos lobos-terríveis.

Para realizar o procedimento, os cientistas reconstruíram parte do genoma a partir de fósseis com 11,5 mil a 72 mil anos. Em seguida, utilizaram células progenitoras endoteliais de lobos-cinzentos. Células geneticamente editadas por meio da técnica Crispr, uma espécie de “tesoura genética”.

Essas células modificadas acabam, então, sendo implantadas em óvulos sem núcleo e gestadas por cadelas mestiças de grande porte. A Colossal afirma que o processo foi menos invasivo do que técnicas tradicionais de clonagem.

O que são os lobos-terríveis?

Os lobos-terríveis viveram na América do Norte e têm registros fósseis datados de até 250 mil anos atrás. Embora visualmente semelhantes aos lobos-cinzentos, possuem linhagem genética distinta. Eles se extinguiram ao final da última Era do Gelo, provavelmente por mudanças climáticas e competição com outros predadores.

O retorno da espécie, ainda que em forma híbrida, levanta debates éticos e científicos sobre os limites da desextinção e a aplicação dessas tecnologias em projetos de conservação.

Próximo passo: trazer o mamute de volta

A Colossal Biosciences também é conhecida por outro ambicioso projeto: o plano de recriar os mamutes lanosos, extintos há cerca de 4 mil anos. Além disso, a a empresa apresentou, recentemente, camundongos com pelagem semelhante à dos mamutes, demonstrando avanços no campo da biotecnologia.

Segundo a empresa, os lobos-terríveis recriados estão atualmente com cerca de cinco meses de idade e vivem em um centro de preservação da vida selvagem nos Estados Unidos. A meta da Colossal é se tornar a primeira empresa a utilizar a tecnologia Crispr para desextinguir espécies com sucesso.

“Este momento marca não apenas um marco para nós como empresa, mas também um salto para a ciência, a conservação e a humanidade”, afirmou a companhia em publicação nas redes sociais.

Especialistas pedem cautela sobre avanços divulgados

Apesar da repercussão e dos resultados anunciados pela Colossal Biosciences, especialistas em genética e biotecnologia alertam que ainda é cedo para considerar os feitos como um avanço concreto no processo de trazer à vida espécies extintas.

Os comunicados da empresa, embora detalhados, ainda não foram publicados em revistas científicas nem passaram por revisão por pares. Etapa, portanto, considerada essencial para a validação da pesquisa pela comunidade acadêmica.

Jurassic World ironiza experimento em rede social

Em meio ao debate científico, a iniciativa da Colossal ganhou destaque também nas redes sociais. A capa da revista Time, que estampou a recriação dos lobos-terríveis, foi alvo de uma publicação bem-humorada no perfil oficial da franquia “Jurassic World” no X (antigo Twitter).

Em tom sarcástico, o post dizia, em tradução livre:

“Não vemos como isso poderia dar errado.”

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