Projeto de incentivo ao sorgo criado pela Cravil é aprovado pelo governo estadual
O sorgo é uma cultura relativamente nova que surge em Santa Catarina após problemas com pragas no milho.
A agricultura do Brasil vem se transformando ao longo dos anos. Em Santa Catarina, os desafios perpassam pela necessidade de mão de obra, pragas e dificuldades climáticas, por exemplo. No entanto, os produtores rurais sempre encontram uma saída, com adaptações perante as adversidades. Por isso, a Cravil criou um projeto de incentivo à produção de uma cultura relativamente nova: o sorgo.
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Até então, produtores da região que possuíam gado cultivavam o sorgo em menor escala para fazer silagem. Mas, agora, a ideia é trazer o sorgo como um complemento econômico para o agricultor, como grãos para ração em segunda safra, após cebola e fumo, por exemplo. De acordo com o engenheiro-agrônomo da Cravil, Neimar Francisco Willemann, “é uma cultura relativamente nova. Uma cultura que, até então, tinha um cultivo bem intenso para silagem e o produtor de pecuária tinha o hábito de cultivar, porém, já há alguns anos, essa cultura para grãos começou a ser instalada”.
Pragas incentivaram a inserção do sorgo nas propriedades
Nos últimos anos, na segunda safra (após cebola, fumo e outras), os produtores começaram a ter problemas de pragas, principalmente, por conta das cigarrinhas, que transmitem uma virose para a produção de milho.
Por sua vez, o sorgo é uma cultura que vem da África, difundida amplamente na região central do Brasil. Ou seja, geneticamente, aceita mais as altas temperaturas e tem menos exigência de água, gerando uma resistência ao vírus transmitido pela cigarrinha.
Mesmo assim, o milho ainda continua sendo a opção mais forte nas lavouras. “Para o plantio de primeira época, o milho ainda é, com certeza, a principal alternativa e a melhor alternativa para a produção de grão”, afirma Neimar.
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Cravil desenvolve projeto de incentivo ao sorgo
A cooperativa Cravil desenvolveu um projeto de incentivo à cultura do sorgo. Neimar explica: “Esse projeto foi apresentado para o governo do estado de Santa Catarina para fazer um incentivo ao cultivo, principalmente no pós-tabaco e no pós-cebola. E, felizmente, o governo do estado atendeu a esse projeto”.
Quem planta sorgo em Santa Catarina, com finalidade para grão, pode ganhar até R$720 por hectare cultivada, com limitação de até 10 hectares.
Neimar cita que existem incentivos para plantio do trigo para a produção de ração. Isso porque o estado precisa de alimentação para continuar girando a economia que a pecuária abrange:
O estado de Santa Catarina é um estado que tem uma cadeia de produção de carnes muito forte. Tanto de aves, quanto de suínos, também da pecuária bovina […] porém, o estado é deficitário na produção de milho para ração. Então é um estado que precisa buscar grãos em outras regiões do país […] ou mesmo fazer a importação de outros países. Então é importante para o estado, que ele tenha alternativas para buscar a autossuficiência. Do contrário, essa cadeia produtiva de carnes tende a ir para outros estados.
- Neimar Francisco Willemann, engenheiro agrônomo da Cravil.
Vantagens, desafios e precificação
De acordo com o engenheiro-agrônomo, Neimar, em termos de manejo, ainda há muitos desafios. Por mais que o sorgo seja muito semelhante ao milho, existem algumas diferenças na hora de plantar. “Tem algumas diferenças em termos de contabilidade de população de plantas, espaçamento”, conta. “Um dos desafios, com certeza, é a colheita, que necessita de mecanização. Na cultura do milho, o pequeno produtor que planta cerca de um hectare, tem a possibilidade de colher manualmente as espigas e fazer a armazenagem na propriedade”, complementa Neimar. No caso do sorgo, existe a exigência de uma máquina para a cultura porque o grão nasce aglomerado na ponta da planta.
Falando de vantagens do sorgo, Neimar cita o custo de produção “Quando comparado com o milho, principalmente ligado ao custo de sementes, é menor. Então o produtor vai plantar após alguma outra cultura e a necessidade de quantidade de fertilizantes tende a ser menor comparada com o milho”, afirma. A produtividade é boa e o custo compatível com a receita, abrindo a janela de uma renda extra para a propriedade.
O produtor interessado deve prestar atenção nas variedades que produzem tanino, que é um produto no grão, que gera um sabor mais amargo. Existem cultivares que não produzem o tanino e existe uma preferência por essas variedades no mercado.
Portanto, a Cravil de Ituporanga, a partir da safra 2024/2025 receberá grãos de sorgo. No Alto Vale, outra unidade preparada fica em Rio do Sul.
A referência de valores é o preço do milho. “No mercado nacional, ele (o sorgo) gira em torno de 90% do preço do milho. Então se o milho é R$100, o sorgo está valendo em torno de R$90. É essa a comparação porque ele é um substituto do milho na produção de ração no Brasil”, afirma Neimar.
Principais utilizações do sorgo
A utilização do sorgo para alimentação humana é possível, sendo uma fonte de carboidratos muito rica. No entanto, no Brasil, o grão tem mais destinação para a ração animal. “O foco da produção da região é para a produção de grãos para inserção na produção de ração animal”, afirma o engenheiro-agrônomo.
Como começar a plantar sorgo?
“O interesse do produtor tem que ser compartilhado, principalmente com alguém que conheça a cultura”, diz Neimar aos interessados em iniciar o cultivo do sorgo.
A implantação de maneira correta é primordial para resultados positivos. Por isso, os integrantes da cooperativa Cravil passaram por treinamentos. O agricultor deve realizar um cadastro para o recebimento dos grãos.
O subsídio de R$720 por hectare é limitado a 10 ha por produtor. “É preciso que tenha incentivos para que o produtor não seja o único arriscando. E o estado também, é questão de impostos e tudo o mais, ele tem ganhos, né?! Por isso que tem esse aporte”, afirma Neimar sobre os valores pagos aos produtores pelo governo catarinense.