Melhoramento de sementes de cebola quer aumentar produtividade por hectare em 75%
Foto: Reprodução / @agritu_sementes no Instagram
Créditos das músicas: Lucas Barros / Canal Violas de Barros; Daisy Dukes/ Silent Partner; Wilson Teixeira.
O melhoramento genético de sementes de cebola quer criar uma variedade da hortaliça de forma híbrida que vai aumentar a produtividade por hectare de 40 para 70 toneladas. Os sete municípios nos arredores da cidade de Ituporanga, no Alto Vale do Itajaí, são responsáveis por 75% da produção catarinense de cebola. São cerca de 14 mil hectares de terra, transformando o território, conhecido como “microrregião da cebola” , no maior produtor da hortaliça do Mercosul.
Com cultivares mais firmes, casca na coloração de pinhão e um sabor pungente e picante, chama a atenção da cadeia produtiva a falta de condições climáticas e geográficas favoráveis à produção. É aí que entra a tecnologia. Armazenamento para venda escalonada, métodos de cultivo mais sustentáveis e aplicação de produtos com drones estão entre as novidades mais populares, mas pouco se fala do começo de tudo, as sementes.
Por isso, a Agritu Sementes de Cebola nasceu em Ituporanga, no ano de 1994, para ajudar o produtor e proporcionar mais qualidade de produção, conforme explica Arno Zimmermann Filho, um dos sócios fundadores. “Nos sempre tivemos como princípio ofertar sementes com uma alta qualidade e pureza genética muito grande. Isso porque nos 90 havia uma mistura muito grande dentro das ofertas de sementes aqui no Alto Vale. Nos primeiros seis anos de empresa nos trabalhamos apenas com uma variedade que é a Crioula Salto Grande. Ela foi criada e desenvolvida através de um resgate de materiais crioulos da região dentro das 14 variedades. Entre as sementes que a Agritu oferece, a Crioula Salto Grande é a segunda mais vendida, porque precisa de um melhoramento contínuo”, afirma.
Guilherme Fernando Bilk Berk, morador da localidade Bela Vista, em Ituporanga, e produtor de 20 hectares de Cebola produz bulbos da cultivar Salto Grande. Como agricultor, ele comenta as principais mudanças da cadeia produtiva e as demandas ainda vigentes, com destaque para a mecanização da cultura. “São gerações que plantam cebola já, meu avô plantava a própria semente porque na época não existiam sementeiras ou empresas que produziam sementes de cebola. O agricultor que fazia a sua seleção de sementes, para tentar produzir algo de qualidade. A cebola sofreu mudanças radicais e impactantes no decorrer dos anos, épocas de muita chuva ou de estiagem, e ainda o manejo de ervas daninhas. O produtor sofreu com falta de produtos e teve que reaprender o que usar, na estiagem usa irrigação e com muitas chuvas diminuiu a quantidade de plantas por hectares. Isso trouxe também uma padronização no tamanho dos bulbos. A cebola é ainda um cultivar que não consegue ser mecanizado 100%, ainda precisa de trabalho manual. Acredito que no futuro isso pode ser mecanizado”, conta. Quando Guilherme fala que há um afogamento das hortaliças em épocas de chuva, podemos pensar em problemas semelhantes que assolam o agricultor, como a falta de espaço para expansão da produção e a necessidade de reduzir a quantidade plantada para evitar perdas.
Além disso, o diferencial de Santa Catarina está no armazenamento para venda escalonada que não requer muita tecnologia, mas que ainda assim apresenta descarte do alimento. Arno fala da relevância da melhoria genética das sementes para que o que é plantado, cultivado e colhido pelo agricultor seja realmente transformado em alimento, que chegará à mesa do consumidor. “Quando falamos em melhoramento cada ano se deve produzir a sua semente básica para chegar à categoria de semente C1. É um trabalho que a Agritu faz antes de chegar à porta do produtor. Esse trabalho é feito por seleção massal e cruzamento entre variedades, onde é possível definir as qualidades e características genéticas de cada cebola”, relata.
Já há linhas em desenvolvimento, que vão impactar a economia. Com destaque para as cebolas híbridas, ou seja, que vão aumentar a quantidade produzida e a resistência ao clima. “Hoje na nossa linha de melhoramento, estão desenvolvendo uma cultivar de crioula roxa mais precoce, porque o ciclo que nos temos colhe em dezembro. Assim, queremos uma que é colhida em novembro. O mercado de dezembro sempre é aquecido, porque a cebola roxa é usada em pratos de festas. Temos outro trabalho em desenvolvimento que são as cebolas híbridas. Queremos uma cebola com características de Vale Sul e que suporte o adensamento de 500 mil plantas por hectare, assim ela tem uma estrutura mais ereta fazendo maior fotossíntese e o agricultor vai colher 70 toneladas por hectares. Essa planta deve ter resistência. Outra linha de melhoramento é a cebola de centro único, sem dar cebola dupla e germinada”, afirma.
O futuro do campo no Brasil é cada vez mais tecnológico, sem perder as raízes da tradição. É o equilíbrio entre o passado e o futuro que faz com que o presente seja próspero, assim como a cultura de cebola, que segue fazendo história.