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10 de julho de 2025 Rio do Sul

Família de Rafael Floriano, morto por PMs em Ibirama, tem negado pedido de reabertura de investigação

Caso será denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, órgão que investiga violações e pode responsabilizar Estados por omissão em crimes contra civis; a denúncia será protocolada nas próximas semanas, segundo o advogado da família


Por GCD Publicado 24/06/2025 às 17h12
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Mara Adriano convive há 474 dias com a ausência de Rafael, o filho de 15 anos morto por disparos efetuados por um policial militar em 7 de março de 2024, em Ibirama. Foto: Redação GCD

Da dor profunda, nasce uma força que resiste. Um coração despedaçado transforma a perda em propósito. Mara Adriano convive há 474 dias com a ausência de Rafael, o filho de 15 anos morto por disparos efetuados por um policial militar em 7 de março de 2024, em Ibirama. A Polícia abordou o adolescente nas proximidades do Instituto Federal Catarinense (IFC), e a Justiça negou o pedido de reabertura da investigação.

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Com a vida do jovem, também se foram sonhos, memórias e futuros que jamais se concretizarão. É no luto — devastador e pulsante — que Mara encontra um motivo para seguir. Ela conta que é na indignação que renova suas forças. Um filho pode ser arrancado do mundo, mas o amor de uma mãe permanece como a força mais poderosa que existe.

Família tentou reabrir investigação da morte

Rafael Floriano enfrentava uma crise depressiva. A família protocolou em março um recurso para reabrir o inquérito da morte. A iniciativa buscava evitar que o esquecimento do caso.

No entanto, três meses após a solicitação, a Câmara Revisora Criminal rejeitou o pedido e manteve o processo encerrado. 

Pedido de reabertura de investigação: Ministério Público arquivou inquérito após 10 meses

Vale lembrar, que a investigação durou 10 meses e enfrentou atrasos devido à falta de efetivo na Delegacia de Polícia de Ibirama. O delegado Daniel Zucon, responsável pelo inquérito, concluiu que o policial militar agiu em legítima defesa.

Conforme o relatório, Rafael portava uma faca, apresentava comportamento imprevisível e se recusou a soltar a arma, mesmo após repetidas ordens. O documento também destacou a suposta agressividade do adolescente antes da abordagem, assim como, a proximidade com instituições escolares como fator de risco.

Com base nessas informações, portanto, o promotor Marco Antonio Frassetto, da 2ª Promotoria de Justiça de Ibirama, determinou o arquivamento do procedimento.

Vídeo contradiz versão apresentada pela Polícia Militar

É necessário reforçar que, seis dias após a morte de Rafael, um vídeo gravado por uma câmera acoplada à farda de um dos policiais veio a público e contradiz a versão oficial. Embora o relatório da PM afirme que os agentes atiraram para conter o avanço do jovem, as imagens mostram Rafael com as mãos levantadas em sinal de rendição segundos antes de ser atingido pelos disparos.

Familiares de Rafael devem levar o caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos

Desse modo, com a negativa da Justiça brasileira em reabrir o inquérito, o advogado Mickhael Erik Alexander Bachmann anunciou que a família levará o caso a organismos internacionais.

Como o processo foi encerrado no Brasil, a alternativa agora é acionar o sistema internacional. Vamos denunciar o Estado brasileiro por permitir esse desfecho. A próxima etapa é apresentar a denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que poderá analisar o caso, investigar e emitir recomendações ao país

explicou Bachmann.

Assim, a disputa passa a ser entre os familiares de Rafael e o Estado brasileiro, que permitiu o arquivamento mesmo diante de evidências questionáveis.

Pedido de reabertura de investigação da morte de Rafael Floriano: “silenciada duas vezes”, diz mãe de Rafael

Para Mara Adriano, ver o filho ser morto — e depois assistir à omissão do Estado — é como ser silenciada duas vezes: primeiro pela violência, depois pela negligência. 67 semanas, 15 meses sem Rafael. Com tamanha saudade, resistir é um ato político. É também um ato de amor. Um gesto de humanidade. É esse sentimento que sustenta o corpo cansado. Mara não caminha por garantias de vitória, mas por fidelidade à memória de quem já não pode mais se defender. 

Ouça abaixo a reportagem completa sobre o caso:

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